ATA DA VIGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 03.05.1990.
Aos três dias do mês de maio do ano de mil
novecentos e noventa reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a
Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Vigésima Sétima Sessão Ordinária da
Segunda Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e
quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou
abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da
Ata Declaratória da Vigésima Sexta Sessão Ordinária e da Ata da Vigésima Quinta
Sessão Ordinária que, juntamente com as Atas da Vigésima Quarta Sessão
Ordinária, das Sexta, Sétima, Oitava e Nona Sessões Extraordinárias e da Sétima
Sessão Solene, deixaram de ser votadas em face da inexistência de “quorum”
deliberativo. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Airto Ferronato, 01 Projeto
de Lei do Legislativo nº 37/90 (Processo nº 825/90); pelo Ver. Antonio
Hohlfeldt, 01 Pedido de Informações; pelo Ver. Cyro Martini, 01 Projeto de Lei
do Legislativo nº 36/90 (Processo nº 822/90); pelo Ver. Giovani Gregol, 02
Pedidos de Informações; pelo Ver. Jaques Machado, 01 Projeto de Lei do
Legislativo nº 38/90 (Processo nº 826/90); pelo Ver. Luiz Machado, 02 Pedidos
de Providências; pelo Ver. Mano José, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 40/90
(Processo nº 823/90); pelo Ver. Omar Ferri, 05 Pedidos de Providências. Ainda,
foi apregoado o Projeto de Lei do Executivo nº 23/90 (Processo nº 855/90). Do
EXPEDIENTE constaram: Ofícios s/nº do SINDICÂMARA, Sindicato dos Servidores da
Câmara Municipal de Porto Alegre; do Sr. Nelson Proença; do Sr. Éldio Macedo;
Circular nº 04/90, da Secretaria dos Transportes. A seguir, o Sr. Presidente
comunicou, face a Requerimento, aprovado, do Ver. Valdir Fraga, que o período
de Comunicações da presente Sessão seria destinado à apresentação do novo Plano
de Segurança para Porto Alegre pelo Cel. Jair Portella dos Santos, Comandante
do Policiamento da BM da Capital, e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem
ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver.
Valdir Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Tenente-Coronel
PM Jair Portella dos Santos, Comandante do Comando de Policiamento da Brigada
Militar da Capital; Major PM Antônio César da Cunha Chaves, Comandante do 1º
Batalhão de Polícia Militar da Capital; Major PM José Heron Rosseto, Comandante
do 9º Batalhão; Major PM José Sebastião Costa, Comandante do 2º Batalhão; Major
PM Nilseu Perside Ortiz Padilha, Comandante do 15º Batalhão; Tenente Coronel PM
Jorge Amaranto Juchem, Comandante do 17º Batalhão; Tenente Coronel PM Murilo
Ward Caldeira, Comandante do 4º Regimento de Polícia Montada da Capital;
Capitão PM Sérgio Rui Pereira, Comandante da Companhia de Polícia Militar
Feminina da Capital; Major PM Pedro Rubens da Silva Rodrigues, Subcomandante do
4º Regimento de Polícia Montada da Capital; Ver. Adroaldo Correa, 3º Secretário
da Casa. A seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra ao Tenente Coronel Jairo
Portella dos Santos, que fez uma exposição sobre a segurança pública de Porto
Alegre, apresentando o novo Plano de Segurança para a Capital, e destacando a
participação e conscientização da comunidade frente ao problema, conjugando-se
seus esforços com os dos órgãos responsáveis pela segurança da Capital. Em
continuidade, os componentes da Mesa, representantes da Polícia Militar de
Porto Alegre responderam questionamentos dos Vereadores Jaques Machado, Leão de
Medeiros, Dilamar Machado, Wilton Araújo, Wilson Santos, Clóvis Ilgenfritz,
Adroaldo Correa, Elói Guimarães, Cyro Martini e Omar Ferri acerca da segurança
pública da Cidade. Ainda, responderam questionamentos dos Senhores Nelson
Delvaux, Presidente da Associação Comunitária da Vila dos Comerciários, e
Gabriel Centeno, do CONSEPRO, Bairro Vila Nova, acerca do assunto em pauta.
Após, o Sr. Presidente agradeceu a presença de todos, convidou as autoridades e
personalidades presentes a passarem à Sala da Presidência e, nada mais havendo
a tratar, levantou os trabalhos às dezesseis horas e quarenta e nove minutos,
convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene a ser realizada às
dezessete horas. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Valdir Fraga e secretariados
pelo Ver. Adroaldo Correa. Do que eu, Adroaldo Correa, 3º Secretário,
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será
assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.
O SR. PRESIDENTE
(Valdir Fraga): Passamos às
As Comunicações serão destinadas à apresentação do novo Plano de
Segurança para Porto Alegre, pelo Cel. Jair Portella dos Santos, Comandante do
Policiamento da Brigada Militar na Capital, e já se encontram na Sala da
Presidência os demais Comandantes dos Regimentos.
Solicitamos às Lideranças da Casa que conduzam ao Plenário as
autoridades que se encontram no Gabinete da Presidência. Acho muito importante
este encontro e gostaria que os Líderes fizessem um chamamento aos Vereadores
que se encontram nos seus gabinetes para que possamos fazer perguntas, no
decorrer da palestra do Cel. Jair, e aproveitarmos e conhecermos pessoalmente
os Comandantes dos Batalhões.
Iremos repetir que o período de Comunicações será destinado à
apresentação do novo Plano de Segurança de Porto Alegre, pelo Tenente-Coronel
Jair Portella dos Santos, Comandante de Policiamento da Brigada Militar da
Capital.
Apresentamos com prazer também o Major PM Antônio César da Cunha Chaves,
Comandante do 1º Batalhão de Polícia Militar; Major PM José Heron Rosseto,
Comandante do 9º Batalhão de Polícia Militar; Major PM José Sebastião Costa,
Comandante do 2º Batalhão de Polícia Militar; Major PM Nilseu Perside Ortiz
Padilha, Comandante do 15º Batalhão de Polícia Militar; Tenente-Coronel PM Jorge
Amaranto Juchem, Comandante do 17º Batalhão de Polícia Militar; Tenente-Coronel
PM Murilo Ward Caldeira, Comandante do 4º Regimento de Polícia Montada;
Tenente-Coronel PM Sílvio Ferreira, Comandante do Batalhão de Choque da
Capital; Capitão PM Sérgio Rui Pereira, Comandante da Companhia de Polícia
Militar Feminina da Capital e Major PM Rubens da Silva Rodrigues, Subcomandante
do 4º Regimento de Polícia Montada da Capital.
Com a palavra o Tenente-Coronel Jair Portella dos Santos.
O SR. JAIR PORTELLA DOS SANTOS: Sr. Presidente, autoridades
presentes, recebam as nossas saudações oficiais do comandante e das unidades
operacionais subordinadas. Quero dizer da nossa alegria e da nossa honra, neste
momento, estarmos aqui a trazer assuntos desta ordem, tão relevantes, que tanto
tem atingido a sociedade porto-alegrense que é o problema da segurança pública.
Nós entendemos que esta solução passa por uma efetiva participação da
sociedade. Nós precisamos conscientizar a sociedade de que a polícia, de que os
órgãos de segurança, Brigada Militar, Polícia Civil sozinhos não conseguirão
deter esse índice de criminalidade. Esse problema só será devidamente combatido
com a conjugação de esforços, com a participação de uma sociedade consciente e
organizada. Quando falamos em sociedade, quando falamos em uma comunidade,
entendemos que não seria outro caminho, senão o de primeiro procurar os
representantes da nossa comunidade para começar este trabalho junto à nossa
comunidade. Está aí a razão maior de nossa presença hoje: apresentar os
comandantes das unidades operacionais e apresentar, também, como Comandante do
Policiamento da Capital. Quando há poucos dias, pode-se dizer, recebi a missão
do Sr. Comandante da Brigada Militar, Cel. Carlos Walter Stockmann, que
determinou que se fizesse alguma coisa para que pudéssemos amenizar o
sofrimento, podemos dizer, por que estava e vem passando a nossa sociedade, a
Cidade de Porto Alegre e, principalmente, o Centro da Capital.
De imediato, colocamos em prática um plano de intensificação do
policiamento com recursos próprios da nossa área de ação e esse plano que nós
estamos aqui para detalhar e mostrar aos Vereadores e à comunidade, porque a
comunidade tem o direito de saber o que está ocorrendo na sua e com a sua
polícia, necessidades de estreitamento dos laços de relacionamento com os
diversos poderes nos municípios que compõem a área de responsabilidade do
Comando de Policiamento da Capital. Também informar à comunidade, através de
seus representantes, as idéias e as medidas que se relacionam com as atividades
de polícia ostensiva, bem como criar instrumentos de participação comunitária.
A Brigada Militar é uma corporação aberta, os seis integrantes são egressos
desta sociedade, trazendo no seu íntimo, na sua formação todos os vícios e
todas as virtudes que nela se encontram. Assim, a participação da comunidade,
seja alcançando meios que reverterão em seu próprio benefício, seja
apresentando sugestões, sempre serão recebidas com muita boa vontade. Este
plano passa necessariamente pela comunidade, ela tem que se organizar com
vistas ao combate à criminalidade. O medo e a omissão só fazem com que o
delinqüente cresça. A partir da união das pessoas entre si e da sua integração
com os órgãos de polícia sairão as medidas necessárias para o enfrentamento da
situação.
Busquemos inspiração nos dispositivos constitucionais. No art. 144 da
Constituição Federal, reza que a segurança pública é dever do Estado, direito e
responsabilidade de todos. No art. 126 da nossa Constituição Estadual, diz que a
sociedade participará, através de conselhos de defesa e segurança da comunidade
no encaminhamento e solução dos problemas atinentes à segurança pública, na
forma da lei. Não existe polícia no mundo que possa combater a criminalidade
sem o apoio efetivo da comunidade. A insegurança, o medo, a angústia,
determinados pelo elevado índice de criminalidade, rondam a vida do pacato e
operoso cidadão porto-alegrense. Impõe-se, neste momento, uma reação dos órgãos
de segurança, mais que uma reação dos órgãos de segurança, uma reação da
própria sociedade, esta sociedade, repito, em sua maioria esmagadora composta
por pessoas honradas, trabalhadoras e pacíficas que vêm sistematicamente sendo
violentadas pela audácia, pela ousadia e pelo atrevimento de uma minoria de delinqüentes
aproveitadores, desonestos, covardes, que andam à margem da lei e da vida.
Assim, aqui estamos para abrir a discussão sobre a participação da
sociedade no problema de controle da delinqüência e estimular a integração de
todos na atividade de segurança pública. Se a nossa proposta tem como
destinatário a comunidade de Porto Alegre, seu endereço primeiro – e não
poderia ser outro – é o de seus legítimos representantes no Legislativo
Municipal. Assim, aqui está, hoje, a Brigada Militar, através do CPC, nesta
colenda Câmara para que juntos possamos esclarecer, orientar e conscientizar a
população para que se organize para não ter que enfrentar, mais tarde, o crime
organizado. A comunidade tem que sair da posição de espectadora e de vítima
para formar a primeira linha de defesa no combate à delinqüência, que é a
sociedade organizada.
O que é o Comando de Policiamento da Capital? (Projeção de slides e explicação sobre os mesmos). Em
primeiro lugar, quero fazer uma breve explanação sobre esta sigla CPC. Também,
a nossa preocupação é que nós, pela nossa formação militar e pelas nossas
atividades, falamos codificadamente, com muita naturalidade e as 24 horas do
dia, entre nós, e isso, muitas vezes, determina um ruído de comunicação entre a
Brigada Militar e a sociedade. Por isso me apresso em traduzir essa
codificação, a começar pela sigla CPC, que quer dizer Comando de Policiamento
da Capital e que eu tenho a honra de, nesta oportunidade, estar comandando. O
Comando de Policiamento da Capital é um órgão intermediário entre o
Comando-Geral da Brigada Militar e os órgãos de execução do policiamento, as
chamadas Unidades Operacionais, cujos comandantes estão aqui presentes. Ao CPC
cabe o planejamento, a coordenação e a supervisão das atividades de polícia ostensiva.
As missões da Brigada Militar na área metropolitana são coordenadas pelo CPC,
através das unidades subordinadas: 9º, 11º, 1º Batalhão, Regimento Bento
Gonçalves.
A missão do Comando de Policiamento da Capital é a de planejar, de
executar, coordenar e supervisionar as atividades operacionais relacionadas com
a preservação da ordem pública nos Municípios de Porto Alegre, Canoas, Barra do
Ribeiro, Guaíba, Cachoeirinha, Gravataí, Alvorada, Viamão, Eldorado do Sul e
Glorinha. Esta é a missão e as unidades que integram o Comando de Policiamento
da Capital. (Apresentação de slides referentes a cada unidade.) É nossa
intenção no bojo, no elenco dessas medidas que estamos tomando para fazer face
à criminalidade em Porto Alegre dar a missão de patrulhamento das escolas da
Cidade como missão precípua da Companhia Feminina. (Volta a apresentação de slides.)
O SR. PRESIDENTE: Cel. Jair, por gentileza, V. Sª
poderia apresentar cada Comandante por Batalhão que está aqui presente, para
que os Vereadores possam identificar todos eles.
O SR. JAIR PORTELLA DOS SANTOS: (Faz a apresentação de cada
comandante por Batalhão.)
O SR. JAQUES MACHADO: Poderia fazer uma pergunta? Qual
é o contingente de homens do 9º Batalhão?
O SR. JAIR PORTELLA DOS SANTOS: Estamos com mais ou menos
quatrocentos homens.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Jaques Machado, sua
colocação foi perfeita, mas o Cel. Jair continua com a palavra e depois
concederemos o tempo para cada companheiro que quiser fazer uma pergunta.
O SR. JAIR PORTELLA DOS SANTOS: Dizia eu que tomamos medidas que
pudessem ser tomadas de pronto para que, imediatamente, pudéssemos partir para
um levantamento da situação que vivia o porto-alegrense e assim o fizemos.
Ocorre que este plano não se trata de uma operação pura e simples que não substancie
início e fim, ele é perene, ele é duradouro, ele iniciou no Centro e deve se
espalhar para os demais bairros, para as demais cidades circunvizinhas que
compõe a área do CPC. Mas, para que ele seja perene, para que possamos dar uma
continuidade neste plano, tem um aspecto da maior importância e uma das razões
maiores que nós, aqui, estamos presentes para nos fazermos compreender pela
comunidade. Nós precisamos aperfeiçoar a integração disto pelos órgãos de
segurança e pela comunidade para que se aperfeiçoe esta integração com a
comunidade; nós precisamos, de um lado, conscientizar a comunidade, de outro
lado, tomar medidas de aperfeiçoamento interno dentro da corporação, preparar
os nossos emitidos para que se possa exercitar esta responsabilidade territorial
que é o fundo do nosso plano.
Para efeito de ações de polícia ostensiva, eu explico que é
responsabilidade territorial. Para efeito de atendimento do policiamento
ostensivo, cada parcela da área física do Estado e, no caso aqui de Porto
Alegre, possui um graduado de Polícia Militar, com responsabilidade de
preservação da ordem pública. Este responsável dependendo do seu nível possui
um grau de responsabilidade que varia em razão do Estado e características do
espaço geográfico. A esse homem, qualquer fato que venha ameaçar ou violar a
ordem pública, cabe a responsabilidade perante os escalões superiores. Esse
profissional, dentro do esquema e estudo que preparamos, tem que conhecer e ser
conhecido no espaço em que lhe cabe responsabilidade territorial. Então, é
muito comum conhecermos o coronel e não conhecermos o sargento ou o tenente
responsável pela área. O procedimento de conscientização interna está sendo
feito e medidas estão sendo tomadas para que este elemento, com poder de
decisão, seja reconhecido pela comunidade e que esta parcela da comunidade seja
por ele conhecida. Ele vai procurar a comunidade, mas a comunidade também, de
outro lado, deve procurá-lo. Pretendemos fazer que este novo segmento seja
conhecido da comunidade.
Ora, em que consiste o plano de intensificação do policiamento da
Capital? O plano de intensificação do policiamento da Capital consiste numa
integração da polícia com a comunidade. A Brigada Militar adotou medidas que se
desenvolvem em três fases, para que essas medidas, que esse plano se efetivasse
em três fases. Numa primeira fase, com aplicação de recursos próprios do CPC,
remanejando os efetivos, revisando a nossa doutrina de planejamento, a
modificação nos critérios de emprego das viaturas. Eu tenho dito que nesta
primeira fase temos usado um paliativo, um remédio caseiro, usando única e
exclusivamente as medidas que temos no CPC. Num segundo plano, complementação
de recursos ainda da Brigada Militar, recursos administrativos vindos das
outras áreas, das áreas de apoio, remanejamento de pessoal. Hoje já estamos com
viaturas administrativas, o comandante determinou que viaturas administrativas
fossem – e estão sendo – usadas na Polícia da Capital, tal as nossas
dificuldades e tal a nossa vontade de enfrentarmos esses problemas. As nossas
viaturas administrativas já estão sendo usadas. Numa terceira fase, seria a
alocação de recursos da área governamental, reavaliação das verbas destinadas à
Brigada Militar e uma melhoria salarial.
Este é, em síntese, o plano, a intensificação do Plano, que estamos com
as unidades operacionais umas apoiando as outras, com o nosso esforço
concentrado principalmente no Centro, nós já sentimos, a comunidade mesmo tem
se manifestado, enfocando que já diminuiu um pouco o índice de assaltos, a
movimentação dos delinqüentes no Centro de Porto Alegre.
Antes de encerrarmos, gostaria de abrir espaço para perguntas.
O SR. PRESIDENTE: Coronel, V. Exª poderia ficar
junto à Mesa, porque as perguntas podem ser demoradas e V. Exª poderá
responder, aqui, da própria Mesa.
O SR. JAQUES MACHADO: Conheço o trabalho relevante do
Major Costa na Zona Norte de Porto Alegre, porque seguidamente estamos
solicitando trabalhos junto à nossa comunidade, junto aos nossos colégios, aos
clubes, à Escola de Samba Império da Zona Norte. Sabemos, também, das
dificuldades que o Major enfrenta naquela região. Uma coisa sobre a qual sempre
fiquei curioso foi sobre o claro existente no contingente da Brigada Militar,
pois seguidamente encontra-se esta dificuldade da falta de elementos, mas,
antecipadamente, a pergunta já me foi respondida e agradeço a participação dos
senhores neste momento.
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Primeiramente, quero me
congratular com o Presidente da Câmara, por termos a oportunidade de travar um
conhecimento mais próximo com esta instituição que tantos serviços presta à
nossa comunidade porto-alegrense, que é a Brigada Militar. Quero, também,
saudar a presença do Cel. Jair e dos demais membros da Brigada, aqui presentes.
Não me satisfiz com a resposta do Major no que se refere ao efetivo, porque ela
só se refere ao 11° Batalhão. Por isso pergunto, se possível, qual a defasagem
do efetivo da Brigada Militar no que concerne ao CPC e porque, no seu
entendimento, há esta dificuldade no recrutamento do homem para este serviço.
O SR. JAIR PORTELLA DOS SANTOS: A sociedade tem o direito de
saber tudo sobre a sua polícia, o pessoal de sua segurança. Acho muito
pertinente que se perquira sobre os nossos efetivos e eu posso afirmar que,
hoje, na área de CPC nos faltam em torno de 1.700 homens e a razão fundamental
é a remuneração salarial. Estamos enfrentando, hoje, a concorrência do setor
privado e isto nos cria um problema muito sério.
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Em cima dessa resposta, que
agradeço, e é esclarecedora, perguntaria: se com uma defasagem do efetivo de
1700 homens, só para Porto Alegre, se a Brigada consegue, dentro da carência de
recursos, enfrentar um índice de criminalidade que oscila, anualmente, que deve
ser o mesmo caso da Polícia Civil, ao redor de 15 a 20%, se isso não está
diminuindo a eficiência das duas corporações, não sei se fui claro, com 1.700 a
menos, e com o crescimento da criminalidade, se não preocupa.
O SR. JAIR PORTELLA DOS SANTOS: É uma realidade a falta de meios
materiais e humanos porque não é só o humano, também estamos em falta do
material. Agora, tenho dito aos nossos integrantes que esta dificuldade de
meios dificulta a nossa missão, mas não impede o seu cumprimento, em que pese a
falta de meios humanos e materiais, os órgãos de segurança, e me atrevo a
incluir a nossa co-irmã Polícia Civil, pela categoria, pelo desprendimento de
seus policiais que ainda cumprem a sua missão. Além da capacidade do policial
acho que o problema não está pior porque nos assentamos no dinamismo do sistema
da segurança que nos ajuda, e muito, a fazer frente a esse tipo de dificuldade.
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: A comunidade já sente que
melhorou a presença da Brigada Militar e, acredito, a diminuição do índice de
criminalidade. V. Sª foi muito feliz ao assumir as novas funções e em dizer
que, a partir de agora, não são só palavras, mas o delinqüente ia passar a
respeitar mais a presença do policiamento.
Eu lhe pergunto a dar de concreto, já que estamos aí quase há um mês da
nova administração, seja no Comando-Geral da Brigada, Comando do CPC, já há
índices que revelem que esta violência, esta criminalidade diminuiu em Porto
Alegre.
O SR. JAIR PORTELLA DOS SANTOS: Em primeiro lugar, com relação a
sua primeira abordagem, eu respeito. Eu disse, quando assumi, que o marginal
não estava respeitando nem mais o policial. Há uns vinte dias atrás tivemos um
policial civil, no interior do Estado, que foi prender um delinqüente e foi
morto.
Tivemos, há uns dois dias, três dias, um cabo que foi auxiliar alguém
que estava empurrando um carro, à noite, chovendo, e era um delinqüente, um
assaltante. Este cabo que possui uma família com seis filhos foi morto,
recebido a tiros. O que comprova o que eu havia dito, que o marginal não
respeita nem mesmo o policial e é meu objetivo restabelecer este respeito,
porque se o marginal não respeita nem mesmo o policial, nem mesmo aquele que
está fardado, muitas vezes soldados já foram agredidos para levarem a arma, se
não é respeitado o policial, muito menos o cidadão comum. Nós todos testemunhamos
a facilidade, a desenvoltura com que eles estavam atuando, agindo no centro de
Porto Alegre, a ponto de nem mais dispararem, correrem, após as suas ações
delituosas.
Então, a Brigada Militar vai agir com energia dentro da lei e dentro da
técnica, mas com muita energia visando, em primeiro lugar, restabelecer o
respeito ao policial, com o objetivo maior de trazer o respeito ao cidadão
honesto e trabalhador.
Com relação às ocorrências, as informações que nós temos é que
diminuíram em 25% no mês de abril em relação ao mês de março. Nós estamos
preparando para a próxima semana, que completa os 30 dias a primeira fase do
plano, para então oferecermos, darmos conhecimento à comunidade de números mais
concretos sobre o problema.
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Eu conheço, dentro do que a
minha percepção alcança, a filosofia e o pensamento da Brigada Militar a
respeito da sua doutrina. Um dos aspectos que me chama a atenção é o aspecto da
Guarda Municipal, que a Constituição Federal abre a oportunidade que os Municípios
a institucionalizem, a adotem.
Eu sei que a Guarda Municipal, sendo autônoma, poderia, em nível de
Polícia Militar, ter outra atividade que não aquela prevista na Constituição. É
uma área melindrosa, é uma área, de certa forma, que ainda não está bem
sedimentada de como ela poderia ser utilizada, mas, de acordo com a nossa
realidade de Porto Alegre, a Guarda Municipal já existe há muito tempo, mas
especialmente com os dados que são fornecidos, da defasagem do efetivo do
policiamento ostensivo de 1.700 homens, eu pergunto e justifico que, pela Lei
Orgânica tentei incluir, dar uma nova feição, atribuições à Guarda Municipal em
que ela, ao exercer suas atividades, suas atribuições constitucionais,
subsidiariamente também poderia auxiliar, ajudar num policiamento ostensivo que
hoje é deficiente em termos de efetivo. Então pergunto: como o CPC veria a
possibilidade de a Guarda Municipal, bem institucionalizada, bem definidas as
suas atribuições, ser instrumento de ajuda ao policiamento, efeito ostensivo que
está realmente defasado em termos de pessoal?
O SR. JAIR PORTELLA DOS SANTOS: Inicialmente, gostaria de
cumprimentar os Srs. Vereadores. É satisfação para mim pessoalmente aqui estar.
Quero dizer ao Ver. Leão de Medeiros que, realmente, entendemos assim a
questão da Guarda Municipal. O próprio conceito estabelecido na Constituição
Federal para a segurança pública diz que a segurança pública é responsabilidade
de todos. Portanto, de um segmento específico como o são as guardas municipais,
maior é a expectativa de contribuição destes organismos à segurança pública. O
que entendemos é que a segurança pública deve ter um planejamento ordenado, a
partir do próprio Estado, no qual todos os organismos que contribuem
diretamente para a segurança devem oferecer sua parte e exercer um trabalho
estruturado, porque entendemos que assim atingiremos melhor a eficácia. Não
temos restrição à colaboração, ao contrário, ela é essencial. Hoje, isto
acontece com as vigilâncias particulares que são contributivos à segurança pública
em muitos pontos. Podemos reconhecer que como nós, Polícia Militar, temos
falhas, com certeza as vigilâncias também o tenham, mas contribuem e em muito
para a segurança. Talvez se houvesse uma busca de uma integração maior, de um
trabalho coordenado, possa minimizar estas falhas e se possa obter um sistema
mais eficaz, devido à integração das partes. Então, nossa visão repousa nestes
pontos.
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Sr. Presidente, agradeço e me
considero satisfeito.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, também me
associo às homenagens do Ver. Leão de Medeiros a V. Exª, pela iniciativa de
trazer à nossa Casa Legislativa a oficialidade da Brigada Militar,
particularmente os oficiais que integram o Comando de Policiamento da Capital.
Eu, inicialmente, colocarei ao Cel. Jair uma constatação que é feita em
qualquer pesquisa de opinião pública na Região Metropolitana que, o invés da
população estar preocupada com a fome, falta de habitação, com a falta de
condições de educação para seus filhos ou de saúde pública, o primeiro item de
preocupação do povo é com a segurança. E, diariamente, o noticiário nos traz
uma carga dolorosa a respeito da insegurança nas grandes cidades.
Participei de uma experiência prática com a Brigada Militar, que me foi
grata, e hoje vejo os efeitos excelentes. Ainda ontem tive a honra de receber
em meu gabinete dois capitães da Brigada, que me trouxeram e guardei com muito
carinho um cartão de prata, por uma participação eventual minha como homem
público na instalação da 4ª Companhia do 1° BM, lá na Restinga, que começou no
prédio do DEMHAB que nós restauramos uma área de 200m2 para a
Companhia se instalar que, posteriormente, construiu um prédio com a ajuda da
comunidade, do Conselho de Segurança da Restinga e, hoje, está lá instalada com
130, 140 homens efetivos. Eu perguntei aos capitães aqui presentes, Capitão
Mota e Dilson sobre o resultado, e a estatística é extremamente favorável, a
redução muito grande no número de ocorrências e a integração da Brigada Militar
com a comunidade, faltando um item que eu considero fundamental que seria,
talvez, a construção de um conjunto habitacional adequado para não só os
oficiais, mas, principalmente, para os praças da BM, para que pudessem
permanecer residindo naquele Bairro, que é uma cidade. Esta experiência por
certo a prática aprovou, ela há de prosperar em outras regiões, na Zona Leste,
na área da Vila Safira, Chácara da Fumaça, Rubem Berta, Parque dos Maias há um
clamor para a instalação de uma companhia específica. Sei também, Cel. Jair,
que em função do plano que o Senhor colocou em prática, nos primeiros dias de
sua gestão, o número de prisões em flagrante, de capturas de delinqüentes foi
muito grande em Porto Alegre, isto já vem ao encontro de um outro problema que
é a nossa falta de estrutura de casas de correção, de presídios, normalmente
superlotados, inadequados, onerosos. O Senhor falou em algo que é muito
profundo, que a BM nada tem a ver com a causa da marginalidade, combate o
efeito e não a causa.
Então, a minha primeira questão é se a BM, como instituição, na formação
de seus oficiais, seus praças vão executar este trabalho na rua, ela instrui o
soldado que vai prender o delinqüente para que ele saiba que está prendendo
alguém que é efeito de uma causa muito grande da marginalidade, que é a falta
de estrutura social, neste País, falta de fixação do homem no campo, falta de
habitação, educação e até de emprego e alimentação, e, por último, em relação,
voltando ao caso prático da Restinga, eu lhe pergunto se dentro desse seu projeto,
desse seu plano já se vê um plano objetivo. Vê-se que o senhor não é um oficial
de conversar muito, mas conversa objetivamente, deixou claro que quer um
resultado. Se o Senhor prevê uma ação objetiva e frontal com relação ao Bairro
Bom Fim onde, indiscutivelmente, e o Senhor falou no Centro, e a gente sabe
como era o Centro de Porto Alegre, como transitavam em liberdade e até com
desfaçatez e agressões aos nossos órgãos, os marginais, principalmente os
menores delinqüentes. Mas ali no Bom Fim, junto ao cinema Baltimore, ao bar
João, ao bar Ocidente, eu não estou integrando essas entidades comerciais no
processo, mas é real que ali existe “boca de fumo” e um bando de assaltantes e
ladrões de automóveis que perturbam a vida das pessoas e agridem, permanentemente,
o patrimônio alheio. Eu perguntaria ao Cel. Jair se dentro desse plano há uma
possibilidade de um ataque frontal àquela área como outras áreas que são bem
definidas na Cidade, que se sabe, e também voltando à nossa Restinga, a
imprensa às vezes idolatra os marginais. E, hoje, de uma forma talvez até
inconsciente, a imprensa idolatra uma chamada gang Thundercats da Restinga, que
é uma gangue já conhecida de menores assaltantes, delinqüentes e homicidas.
Quais as previsões desse plano que o Senhor nos traz, que nos parece correto,
adequado e necessário para esses dois pontos que eu cito como bem delineados e
claros o problema da delinqüência em nossa Cidade.
O SR. JAIR PORTELLA DOS SANTOS: O primeiro problema que o Senhor
abordou, da moradia, se não me falha a memória, a minha missão é de comandante
e este assunto é um assunto de estratégia, foge à minha competência, é de
competência do Coronel da Brigada, mas eu posso afirmar, respondendo sua
pergunta, que o Comandante Carlos Walter Strok, da Brigada Militar, tem um
projeto, estão estudando, o Estado Maior da Brigada Militar, que possa
viabilizar construções de algumas casas para os integrantes da Brigada Militar,
nestes casos de companhias destacadas especialmente voltado para os nossos
soldados.
Com relação às gangues e à ação que vem se fazendo sentir, basicamente
na Restinga e Bom Fim, em primeiro lugar quero lhe dizer que conheço muito bem
o problema do Bom Fim, até porque moro naquele Bairro. E dentro deste novo
enfoque, na operacionalidade da nossa Brigada, aqui na Capital, estamos
pensando, o Estado Maior do CPC está pensando num modelo de participação da
comunidade, porque partimos da legislação que nos orienta para este rumo, para
uma efetiva participação da comunidade. Então, já objetivamente com a
comunidade, com algumas pessoas do Bom Fim, já estou conversando, como um
exemplo conhecido da comunidade, a Dona Kátia Quintanilha, pessoa conhecida no
Bom Fim, estamos procurando os primeiros entendimentos no sentido de formar
modelo de participação de toda a sociedade. Estamos imaginando alguma coisa
assim no Comando do Policiamento da Capital com algumas pessoas do Bom Fim e a
idéia seria, então, começar pelo Bom Fim, até pelos problemas sui generis que traz a área do Bom Fim.
Parece que saímos do centro de Porto Alegre numa prioridade que seria o Bairro
Bom Fim. Então, já existe esta preocupação e já está em andamento alguma coisa
concreta.
Com relação às gangues, nós, em função da própria intensificação do
policiamento, e, mais que isto, da integração com a Polícia Civil, eu tenho com
muita freqüência conversado com o Diretor do DPM e pretendo estreitar ainda
mais nosso relacionamento, buscar uma união para que possamos, em conjunto,
Brigada através do CPC, e a Polícia com o DPM e o UND, com o INID, já está
havendo uma inibição da ação das gangues por parte da intensificação do
policiamento ostensivo. E aprofundaremos esta situação com a ação
investigatória, uma ação conjunta, Brigada e Polícia, nós enfrentaremos de
forma mais profunda o problema das gangues. Era isto.
O SR. PRESIDENTE: Se falou em Bom Fim antes do
Ver. Wilton Araújo, quando conversava há dias atrás com o Cel. Jair, ele me
explicava a respeito dos telefonemas, eu gostaria que ele explicasse.
O SR. JAIR PORTELLA DOS SANTOS: Os exemplos são inúmeros e os
mais curiosos, até. O que se busca, eu explicava ao Presidente, digamos assim,
deste princípio da responsabilidade territorial. Nós queremos identificar, que
seja identificado o policial na área, e com isso a comunidade participe não só
no sentido de pertencer a algum conselho ou sociedade com esse fim. Que seja
uma participação natural. Assim como o cidadão conhece o dono da padaria, o
dono da loja, que conheça também aquele policial que diuturnamente estará na
área. Eu contava ao Presidente que trafegava numa viatura operacional, ali no
Bom Fim, quando pelo rádio da viatura eu vi que alguém ligou para o nº 190 e
disse que um Scort branco ocupado por três pessoas suspeitas, rondava
determinado estabelecimento bancário. As patrulhas se movimentaram e este carro
foi visto e fugiu do local. Então, essa pessoa que ligou para o nº 190, é bem
possível que ela tenha evitado um assalto ao banco ou coisa bem pior, como o
caso de um enfrentamento com a polícia. É bem possível que esta pessoa não
tenha tido um retorno daquele seu simples ato de discar o nº 190. Ela teve uma
participação efetiva no processo de segurança pública. É possível que ela nem
sonhe o que evitou.
Então, a nossa idéia é que estas pessoas participem, isto é o que se
quer, não necessariamente pertencendo a um conselho ou associação. É essa
participação diuturna e atenta para os problemas da segurança, atenta para o
que está ocorrendo no seu bairro, é este tipo de atitude que nós devemos
incentivar. Então criarmos um mecanismo de que essas pessoas tenham um retorno
da conseqüência daquele seu ato, o quanto ela contribuiu para a segurança do
seu bairro, da sua quadra, o que ela evitou. Numa integração assim é que só
será possível mediante o estabelecimento de áreas de responsabilidade onde seja
comum o policial militar. Ontem, por exemplo, antes de sair de casa, quando
cheguei, estava vendo um filmezinho americano que estava passando, o Rambo, vi
que um patrulheiro me chamou a atenção; o patrulheiro sai de casa para pegar o
carro e do trajeto da delegacia até o carro ele cumprimentou uma senhora que ia
passando com as crianças, chamou pelo nome, chamou outro cidadão do outro lado
da rua, chamou pelo nome, conversou, a gente via que o policial é realmente
conhecido naquela comunidade, pelo menos naqueles quarteirões, assim como ele
conhece, ele é conhecido. Conhece a comunidade, ele é conhecido. É importante
isso, que a comunidade saiba o nome dele, que ele saiba o nome dos moradores
daquela área, dos filhos, das famílias; com isso nós vamos abrir um canal para
que a comunidade participe até mesmo de forma mais efetiva do planejamento da
atividade de polícia. Nós precisamos ver com mais clareza quais as necessidades
da comunidade em termos de segurança para planejarmos. É preciso que a
comunidade participe deste planejamento, e ela vai participar assim. Dava um
exemplo singelo para me fazer compreender. Nós, da segurança pública, sempre
que falo em segurança pública falo em Brigada Militar, Polícia Civil, nós,
técnicos em segurança pública, quando a comunidade precisa de segurança, como é
o caso, agora, um momento difícil que estamos vivendo, esta aproximação tem que
ser como um médico que atende um paciente, o paciente é que tem de dizer onde é
que dói, a sintomatologia, o que está sentindo, para que o médico possa
receitar alguma coisa, para que o técnico possa, então, tomar alguma
providência. Nós precisamos, então, ouvir de forma mais clara a comunidade, e o
caminho é este, da área da responsabilidade territorial. Esta conscientização
da comunidade. Quando nós convivermos, polícia e comunidade, dessa forma, nós
poderemos aperfeiçoar os nossos planejamentos, as nossas atividades de polícia
e conceder um melhor produto à comunidade. Eu tenho dito como orientação às
minhas unidades subordinadas, que nós funcionamos como uma empresa, e a empresa
é geradora de um produto, hoje, até muito solicitado, que é segurança e esse
produto tem que ser da melhor qualidade e tem que atingir a todo cidadão
indistintamente.
O SR. WILTON ARAÚJO: Nós também nos congratulamos com
a iniciativa do Ver. Valdir Fraga, Presidente da Casa, agradecemos aos senhores
pela presença e julgamos muito importante dado o quadro existente, hoje, de
insegurança na nossa Capital, no Estado e no País e das suas palavras, desde a
explanação, até agora, depreendemos que, realmente, vai funcionar o seu plano,
o plano de integração, na medida em que a sociedade, a comunidade tiver
mecanismos e canais de integração com a corporação. Por isso, já temos um
Requerimento propondo à Casa um seminário onde nós possamos reunir não só a
Brigada, mas a Polícia Civil e, principalmente, as comunidades e quem sabe
possa servir como primeiro ponto de integração entre a necessidade de a
corporação sentir as necessidades mais próximas da comunidade. A idéia é
justamente facilitar, abrir mais um canal. Quem sabe possa servir e eu tenho
certeza de que a Casa irá aprovar o Requerimento de minha autoria.
Eu gostaria de colocar a grande vontade que tem a comunidade de auxiliar
e os senhores por certo concordam comigo. São inúmeros os exemplos que a
comunidade tem dado de boa vontade na medida em que muitas vezes, por
informações que tenho, a comunidade cede automóveis, manda arrumar os
automóveis, constrói postos, enfim, uma infinidade de demonstrações objetivas
da vontade de ajudar. Mas, me chamou muito a atenção, também, na sua explanação
- e tenho conhecimento disso - que nem só de bens materiais é feita a
necessidade da Brigada. Hoje, pelo que se sabe, há uma grande dificuldade em
termos de material humano. Por que essa dificuldade? Quero ver se as minhas
informações são corretas, em muitos casos estatisticamente é grande o número de
profissionais que são formados pelos quadros da Brigada em que o Estado, a
comunidade investe nestes quadros por um determinado número de anos e essa
pessoa, esse quadro formado sofre a influência, sofre a pressão do mercado de
trabalho e esse profissional que nós todos investimos, ele acaba deixando a
corporação porque, evidentemente, tem necessidades, familiares e outras de
ascensão social e acaba deixando os quadros da Brigada, passando para empresas
particulares, onde o ganho é muito maior. Então, esse me parece era um dos
principais problemas enfrentados, hoje, pela Brigada Militar. Dos 1700 homens
que hoje faltam, talvez, quero conferir os dados, talvez, imagino, grande parte
seja pela falta de um salário mais digno e a rotatividade no sentido de
aprender e depois sair da Brigada, também deve ser muito grande. Então,
perguntaria a que nível isso, se é que existe algum tipo de estudo, se existe
algum tipo de avaliação nesse sentido e em que níveis percentuais isso atinge e
que tipo de preocupação traz, objetivamente, ao Comando da Capital.
O SR. SÍLVIO FERREIRA: Efetivamente, não podemos
desconhecer que a questão salarial está no bojo do problema da evasão dos
recursos humanos na área da segurança pública, porque o Estado faz,
efetivamente, um grande investimento na formação, no adestramento deste
pessoal, é uma área bastante especializada, tanto no que diz respeito à Polícia
Civil, quanto à Militar e este investimento, face à rotatividade, que é uma
característica, acaba sendo por demais elevado para a sociedade. É
inquestionável esse fato; a constatação do nobre Vereador é precisa. Enquanto
essa questão não for efetivamente solucionada, será difícil para a segurança
pública e para as organizações de segurança pública eliminar esse item, essa
rotatividade que, a par do investimento objetivo que é feito na formação do
homem, gera todo um transtorno de ordem administrativa. Essa modificação
constante gera a perda de energia capaz de se traduzir em eficácia. Então, este
efetivamente é um problema especial no atual momento da segurança pública e a
sua solução deve ser buscada, se bem, como disse o Cel. Jair, que reconhecemos
que a segurança pública deva cumprir a sua obrigação independentemente desta
questão, mas é inegável que no que diz respeito à motivação do homem, ao
dedicar-se exclusivamente à missão da segurança pública, fica afetada em razão
da questão salarial.
Os valores pagos a um policial, tanto na Polícia Civil, quanto na
Brigada Militar, são superados com relativa facilidade pelas ofertas da
iniciativa privada. Nós vivemos em sociedade cujo sistema econômico é
capitalista, o salário traduz não só o valor do trabalho, mas também o status
profissional que aquele segmento profissional desfruta dentro dessa sociedade.
Então, é inquestionável que a defasagem salarial atinge sobremodo a eficácia e
a eficiência da segurança pública. Então, eu penso que este fator, que é
conhecido nosso, efetivamente preocupante para todas as autoridades que labutam
na segurança pública, está na pauta, é um item prioritário, hoje, em termos de
negociações. Há preocupações do comando nestas áreas efetivas no sentido de que
os projetos em andamento possam vir a minorar, a estabelecer, no nosso ponto de
vista, uma justiça salarial melhor para a área da segurança pública. Então, é
um ponto inegável, efetivamente para pensarmos em uma segurança pública com
objetividade, teríamos obrigatoriamente que passar por este item como um dos
primeiros.
Hoje, há algumas profissões e se acaba, naturalmente, fazendo a
similitude com a nossa, a comparação com a nossa. São melhores remuneradas com
os padrões referidos e isto se transforma automaticamente num atrativo à saída
do profissional, tanto da Polícia Civil quanto da Brigada Militar para este
segmento. Eu até comentava, hoje pela manhã, que quando esses concursos são
abertos, em nível estadual e federal, eles acabam se transformando num
constante atrativo para a evasão dos nossos profissionais de segurança pública.
A nós, como homens públicos, cabe incentivar a evolução dos nossos homens em
busca de melhor satisfação salarial, mesmo que isso venha em detrimento da
corporação, pois não somos proprietários do recurso humano. Quando há concurso
público, constatamos – pela nossa estrutura militar há necessidade de um
requerimento para que o elemento se afaste para a realização de provas que é
grande o número. É uma evasão prevista, pois há um atrativo salarial se for
comparado ao profissional congênere dentro da estrutura do Estado.
O SR. WILTON ARAÚJO: Nós representamos a comunidade
que tem, reconhecidamente, auxiliado em todas as questões. Questionaria, por
uma questão de seqüência da minha colocação anterior, de que forma a comunidade
poderia se juntar a esses esforços das autoridades, não só da Brigada Militar,
como da Polícia Civil, que forma encontraríamos para contribuir para que essas
questões fundamentais sejam mais rapidamente solucionadas.
O SR. SÍLVIO FERREIRA: O nobre Vereador usou a
expressão “contribuir”. Fico pensando, acho que as pessoas, a comunidade,
quando ouvem falar em participação, acho que, com a maior naturalidade, ficam
pensando que terão que contribuir de alguma forma, especialmente no aspecto
financeiros, alcançando recursos para os órgãos de segurança. No meu
entendimento, o cidadão que paga seu imposto este cidadão que tem direito, já
pagou para ter segurança, ele não tem mais que ser exigido neste aspecto. Temos
que achar uma forma de participação sem que ele tenha este tipo de exigência.
Por isso que eu falava naquela integração, integração institucional. Não pode
ser uma integração pessoal, como ocorre, porque os nossos órgãos de segurança
acabam promovendo uma integração mais pessoal. Por exemplo: telefonam para a
companhia e querem falar com determinado major ou capitão. Se este não estiver,
a pessoa não fala dos seus problemas. O relacionamento acaba sendo pessoal e o
nosso caminho é estabelecer uma integração institucional em que a pessoa, no
seu bairro, procure o responsável e esteja ao alcance da pessoa, imediatamente,
o responsável que tenha poder de decisão, seja quem for. Nesse plano é desejo
de estabelecer uma forma de ligação. Talvez através de telefone exclusivo, já chamamos
de telefone de responsabilidade territorial, um telefone em que a pessoa chame
e imediatamente alguém daquela área vai entrar em contato com ela de imediato.
Aí vamos estabelecer uma integração institucional e acho que com isso vamos
fazer um verdadeiro enfrentamento na insegurança em que vive a comunidade de
Porto Alegre.
O SR. WILSON SANTOS: Primeiramente, a minha saudação
à Brigada Militar e gostaria de dizer que, em termos de segurança pública, eu
vivo num constante misto de alegria e de tristeza: alegria em ver o heroísmo da
Brigada Militar e o heroísmo da Polícia Civil no combate aos efeitos da
criminalidade, e a tristeza profunda com a inconsciência, com a distância do
Governo em cumprir a sua missão de segurança pública e eu não quero, pelo princípio
de oportunidade, deixar de passar este momento para justificar no momento em
que está substancialmente representado o oficialato da Brigada Militar, o
comando especialmente da Capital e da Grande Porto Alegre, em justificar o
porquê da minha insistência com um projeto de lei que autoriza o Prefeito
Municipal a declarar estado de calamidade pública por falta de segurança em
Porto Alegre.
Eu tentei, no final do ano passado e depois, por ter sido extinto o
período legislativo, em dezembro, não foi possível entrar nesse debate até
porque os pareceres que recebemos na comissão não puderam ser contestados. Eu
vou reeditar e vou reeditar porque tenho uma consciência plena, não só daquilo
que dizem os grandes mestres em teoria do Estado, que colocam a proteção do
cidadão como condição fundamental do Governo, mas eu tenho uma aderência, assim
como os demais Vereadores, próxima com a população e a população quer segurança
pública, e a população vê que o Governo está distante. Está distante porque a
segurança pública nós temos questionado e não temos visto projetos, por
exemplo, de reforma do Poder Judiciário e reforma das leis, porque não adianta
a Brigada Militar e a Polícia Civil prender e este elemento não ficar preso.
Não só no Poder Judiciário pela ineficiência, pela ineficácia, mas o sistema
penitenciário é outro problema, eu tenho vivência prática, eu sou egresso do
oficialato da Brigada Militar. Em 1967 eu tive uma experiência, comandei a
guarda externa e a guarda interna da penitenciária e víamos que a população
carcerária já era caótica, era um problema. A capacidade dos presídios é algo
impressionante, porque o Governo não deu um passo; enquanto a criminalidade
cresceu e há exigência de uma população carcerária maior, houve um retrocesso.
Não tem projeto de reforma do Judiciário e das leis, não tem projeto de
ampliação do sistema penitenciário, não tem projetos de criação de presídios
agrícolas. Não tem isto, não tem o mínimo de dedicação governamental para os
recursos humanos e materiais para as duas corporações: a Polícia Civil e a
Brigada Militar.
Também, por ter uma aderência com as vilas de Porto Alegre, sei e
constatei, pela indignidade salarial, pelo salário aviltante, desencorajador,
desestimulador, não só do exercício, como do próprio recrutamento, se vêem
soldados, escrivães, investigadores morando nas vilas, subalugando dos
miseráveis. Então, este projeto de declaração de calamidade pública não é
porque ache ineficiente, ineficaz a ação da Brigada e da Polícia, ao contrário,
acho que estamos fazendo o possível e o impossível, o grande responsável é o
Governo, e para que ele possa acordar do sono profundo que está, pode ser que
até esteja em estado latente, mas não está agulhado e instigado. E só estará
agulhado e instigado se houver um fato político forte, e vou perseguir este
fato político forte, justamente em respeito ao trabalho da Brigada, da Polícia
Civil e pelo grande clamor popular que é receber a segurança pública que não é
a Brigada nem a Polícia que não está dando, é o Governo que não está dando.
Nesta oportunidade não fiz nenhuma pergunta, fiz uma colocação e também
justifico a minha retirada, em seguida, do Plenário, pois sou requerente da
Sessão Solene a seguir, e tenho que tomar providências, mas não pude deixar de
participar, prestigiar o evento e fazer estas colocações. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: A seguir com a palavra o Ver.
Clovis Ilgenfritz.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Inicialmente, gostaria de
cumprimentar o Ver. Valdir Fraga pela iniciativa, o Cel. Jair Portella dos
Santos e os colegas da Brigada Militar que estão aqui conosco.
Gostaria de dizer que os colegas Vereadores que nos antecederam levaram
no seu pronunciamento algumas questões que nós queríamos colocar, e não custa
dizer novamente que nos preocupa, fundamentalmente, que é a questão da
segurança, em dois níveis: em nível preventivo, esta visão da participação
ostensiva dos órgãos de segurança junto aos locais de maiores problemas e
também a segurança do cidadão em nível de dignidade que, no caso do Brasil, tem
sido bastante prejudicada pela situação econômica e social que foi frisada por
alguns colegas e nós acreditamos que, sem esta modificação substancial no
quadro, sem a distribuição da renda, melhoria de salário, melhoria das
condições das famílias, estas ficam à mercê de uma situação que vai
deteriorando e o crime, também por aí, se multiplica. Acredito que não seja só
isto, porque nos países desenvolvidos, o crime existe, o roubo existe. Mas,
também neste aspecto, nos parece que, no Brasil, há uma espécie de impunidade
para os grandes crimes e a punição violenta, às vezes bastante violenta, para
os pequenos crimes. Isto é um problema que nós levantamos, que não é a Brigada
Militar que vai resolver sozinha, mas sim a sociedade.
Por outro lado, a nossa preocupação tem sido grande, como membro desta
Casa, mas até há poucos dias no Governo Municipal, em ter uma relação, desde o
início do Governo, muito fraterna, direta, transparente, cordial e construtiva
com a Brigada Militar. Foi assim que nós encaminhamos alguns convênios, como é
o caso do estacionamento pago, como vai ser ainda o caso do Corpo de Bombeiros
numa estação especial na esquina da Mauá com a Borges, doação de equipamentos,
etc. São questões que nos aproximam na busca de soluções. Foi dito, por um Vereador,
que a segurança tem sido a nossa grande preocupação. Mas eu sou morador do Bom
Fim e ali, quem sabe com maior intensidade, a coisa está acontecendo. O meu
filho mais moço, por exemplo, já foi assaltado por três vezes. Como ele está
bem preparado não foi esfaqueado, nem tiros, caso contrário poderia ter
conseqüências desastrosas.
Estendo a questão do Bom Fim, da 24 de Outubro, do Bairro Auxiliadora,
alguns setores além do Centro da Cidade, que está sendo tratado com muita
eficiência, mas queria colocar, em nível de pergunta, duas questões. Uma que
tenho sentido, inclusive como Vereador, reclamos da população, principalmente
no Centro, de que durante a noite diminui muito o policiamento, alguns chegam a
dizer “começa a escurecer e a gente não vê mais o pessoal da Brigada”, apenas
como forma de expressão, é uma questão que coloco. Por outro lado, nas vilas
onde pude constatar que existe viatura e os policiais conseguem rodar, a coisa
funciona, e dou como exemplo o Bairro Humaitá, onde conversamos por várias
vezes, encontrando a viatura, e havia o reconhecimento de que melhorou muito o
policiamento porque tinha viaturas. E uma terceira questão, e que é muito
importante em nossa plataforma de campanha e continuamos perseguindo, mas ainda
não foi colocado em prática, é a questão do guarda ou do policial ser mais
conhecido, mais amigo da comunidade onde atua. Onde fizemos uma experiência, no
Bom Fim, na Ramiro próximo ao local onde aconteceram vários crimes e os guardas
passavam a noite, chegavam em cada edifício, ficavam um pouco, ficaram
conhecidos e a população começou a respirar...
O SR. JAIR PORTELLA DOS SANTOS: É a sensação de segurança.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Inclusive as pessoas, conhecendo
a gente, vinham pedir: e os guardas que passavam aqui, não vêm mais? É uma
questão que a gente coloca, nós sabemos das dificuldades de recursos, mas nesse
sentido, se o guarda passa ser comunitário a coisa muda inclusive com menos
efetivos e com mais entrosamento.
O SR. JAIR PORTELLA DOS SANTOS: Esse é o nosso propósito. Com
relação ao policiamento à noite, nós procuramos acentuar o uso do policiamento
motorizado, até porque nós procuramos agir em cima dos pontos sensíveis que são
tecnicamente levantados. E estes pontos sensíveis são muito dinâmicos. Eles
variam não só no local, mas também no tempo, não só variam no espaço, mas
também com o tempo, o que muitas vezes é um local de risco num determinado
horário, em outro não é. A atividade é muito dinâmica. E nós nos ressentimos
muito em termos de viaturas. Nossos recursos são defasados, mas existe um
grande esforço, já estamos tendo resposta, já estamos recebendo, esta medida de
usar viaturas administrativas na atividade operacional, é um tempo de espera
para que as viaturas operacionais sejam consertadas. Nós estamos, hoje, com
mais de uma centena de viaturas nos pátios de nossas oficinas paradas, e muitas
por pouca coisa poderão retornar à atividade. Então, estamos fazendo um esforço
muito grande. Eu tenho feito alguns contatos com o CDL, o CDL está se
prontificando a fornecer algumas peças para algumas viaturas que dependam de
uma ou outra peça para que, imediatamente, retornem à atividade operacional.
Isto está sendo operacionalizado.
O SR. CLOVIS ILGENFRITZ: Em alguns aspectos nós sentimos
que, por exemplo, os empresários tanto nas áreas industriais como na área do
comércio, eles têm dado essa contribuição, além do imposto, muito grande, mas
exatamente nisto reside, no nosso entender, uma questão delicada que deve ser
superada porque na hora que cessam as necessidades imediatas do serviço que é o
horário útil, é que diminui a guarda. E este é um processo que, queiramos ou
não, acaba sendo entendido como relação de custo e benefício.
O outro problema que eu queria rapidamente colocar é a questão da Guarda
Municipal, que foi levantada aqui pelo Ver. Leão de Medeiros e que eu acho que
é importante que fique clara uma situação de que a Guarda Municipal, neste
momento, pelo menos no nosso entender, ela é mais uma zeladoria específica dos
prédios públicos do que propriamente uma guarda preparada com aquilo que é
necessário para proteger e para fazer o policiamento nestas áreas onde há
prédios. Eu tenho algumas experiências, neste sentido, este curto espaço de
tempo na Administração faz com que a gente entenda até a necessidade desse
entrosamento maior, até para que alguns cursos, algumas questões sejam
colocadas, neste nível, porque as pessoas querem fazer o melhor, mas não tem o
preparo e nem o equipamento. Então, as coisas passam a ser assim exigidas, para
questões as quais não estão preparados e que, inclusive, em nível de salário e
tal, nem se fala, a coisa fica aviltante.
O SR. SÍLVIO FERREIRA: Veja bem, Vereador, com esta
integração em nível institucional da corporação com a comunidade, terá reflexos
em todos estes aspectos porque começa com a participação, sentir a corporação
de forma mais completa as necessidades da população em termos de segurança, o
planejamento e a atividade operacional ficam aperfeiçoados. Seria como uma
coisa só, eu acho que este é o caminho que poderemos não digo resolver, mas
suavizar todos estes aspectos, até mesmo o aspecto salarial. A comunidade bem
servida, a comunidade numa integração de alto nível com o seu órgão de
segurança, ela mesmo não aceitará esses níveis, este tratamento salarial, quer
dizer, a própria comunidade reagirá. Então, eu continuo apostando nesta
integração em nível institucional.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, autoridades
presentes, eu saúdo a iniciativa do Ver. Valdir Fraga, por este momento, e
diria duas coisas a respeito dessa responsabilidade territorial que me parece
ser o fulcro do debate, em que poderíamos intervir com alguma possibilidade de
integração, mas, diria antes, que o nosso ponto de vista, o que se disser no
debate, na busca de compreender melhor a nossa situação e as soluções
encontrá-las, eu que sou um homem de partido e pertenço a um partido que se
constrói enquanto uma organização, também, quando recebo críticas a condutas
individuais sempre as recebo não como se o partido estivesse sendo colocado em
questão, mas como se o programa do partido não tivesse sendo cumprido, e aquela
pessoa estivesse em desvio de conduta. Nós fizemos um pronunciamento há cerca
de duas semanas, a respeito do episódio do Eloi Dutra Terra, que foi abordado
numa madrugada por uma viatura da Polícia Militar, segundo o seu depoimento,
pedida a sua identificação e, não detido, mas no desenvolvimento do episódio,
uma ocorrência policial chegou a ser registrada como se a pessoa, Eloi Dutra
Terra, tivesse sido assaltada pela própria polícia, no caso, não a corporação,
mas os dois soldados da ronda. A comunidade de Porto Alegre se envolve há algum
tempo, desde dois anos, com o episódio chamado “homem errado”, mas no nosso
entendimento é o registro de uma situação que ocorre não só na nossa Cidade,
mas no País, onde casualmente as duas pessoas envolvidas eram de cor negra. No
nosso entendimento, uma pessoa que quer contribuir com a comunidade, que tem
uma relação em vilas de comunidade pobre, onde a maioria da população é negra e
pobre, por conseqüência das duas questões, os conceitos usuais do vulgo de que
“o negro quando corre ou é atleta ou é ladrão”, eles penetram ou são discutidos
de alguma forma – isto não é uma pergunta de leigo, é uma pergunta de quem
discute isso dentro da comunidade -, são compreendidos dentro da corporação e
há uma política anti-racista dentro da organização para que não se passe ao
conjunto do policiamento uma visão, que no vulgo usual, embora a sociedade e a
comunidade escondam, faça de conta, ela é racista do ponto de vista da
discriminação social, econômica, das prioridades e possibilidades das pessoas
na sociedade, até por motivo do desenvolvimento social do Brasil, onde o negro
é liberto da escravatura, mas é posto à disponibilidade do mercado sem qualquer
formação, sem qualquer possibilidade de chegar a uma emancipação
econômico-social. Não quero, com isso, ferir de forma alguma a corporação, não
acredito que um ato pessoal possa chegar a atingir o conjunto de uma corporação
que é centenária, que tem as suas responsabilidades. Gostaria de colocar esta
questão para a seguinte idéia: a proximidade da responsabilidade territorial
geraria a possibilidade das comunidades terem elementos de correção para
buscar? Mas ser questionada se a conduta eventual de um ferir o comportamento
disciplinar do conjunto, porque nós também servimos corrigindo atitudes, não
apenas buscando auxílio de atitudes corretas porque nenhuma corporação, em
qualquer lugar do mundo tem todos os integrantes de acordo com o seu regimento,
o seu estatuto.
A segunda questão é que, com vistas à mudança da Constituição em 1993,
se a própria corporação pensa na modificação do art. 144, § 6º, da vinculação
da polícia estadual, militar, das polícias militares à condição de órgão
auxiliar do Exército, à medida que o meu Partido defendeu na Constituinte que o
Exército tivesse apenas as funções de defesa da fronteira, quando ele tem
atribuições suscitadas por qualquer dos instrumentos do Poder Executivo ou
Legislativo, de ordem interna, ele passa a ter uma relação com as polícias
militares, e este organismo auxiliar que a norma constitucional lhe atribui, à
Brigada Militar, gera conflitos, gera possibilidades de associação a um
estatuo, regimento disciplinar que não é o próprio. Se for pelo fato de ser
estratégico, de ser coordenado pelo nível do comando e se não houver
possibilidade de discutir, compreendemos as razões disciplinares desta questão,
mas, se houver, gostaríamos de saber se há uma intenção de fazer esse debate,
porque nós estamos com a comunidade fazendo esse debate, e acredito que a
corporação também fará esse debate, e vai intervir como órgão social, também
como cidadãos no debate da reforma na Constituição em 1993. Era as duas
questões que gostaríamos de colocar, ressalvando, mais uma vez, que a
corporação não pode ser responsável pela conduta do indivíduo, mas o indivíduo
porta em si o signo da corporação, todo ele, seja qual for, pertencente a uma
corporação. Nós ressalvamos que a nossa afirmação inicial não diz respeito à
corporação Brigada Militar, e sim, ao ato individual que tem rito próprio sendo
investigado, mas não gostaríamos de deixar sem observar; não para que isso não
fosse uma sessão toda ela de brilho, mas para que isso não passe despercebido
de que nós todos, no Partido, na Câmara de Vereadores, na Brigada Militar,
somos seres humanos.
O SR. JAIR PORTELLA DOS SANTOS: O Cel. Silva foi nosso
encarregado da Brigada Militar dessas questões constitucionais, por ocasião da
feitura do texto da Constituição Federal e da Constituição Estadual.
Acompanhou, fez um belíssimo trabalho não só em Brasília, como aqui em Porto
Alegre, acompanhando as nossas Constituições. Então, a segunda parte da sua
pergunta eu vou deixar para que ele responda, e a primeira eu passo a
responder. Há poucos minutos atrás eu dei um exemplo de que a Brigada Militar
funciona como uma empresa, empresa cujo produto final é a segurança, e dizia eu
que os integrantes, as lideranças da corporação, os oficiais, os instrutores,
sob a orientação o Comando Maior de que esse produto, ou seja, a segurança,
seja da melhor qualidade que se estenda a todos os indivíduos, indistintamente,
esta é a orientação da corporação. Existem fatos isolados que ocorrem, às
vezes, até por deficiência do eventual integrante.
O problema com a Constituição de 1988, os órgãos de segurança, poderia
dizer assim, a polícia, houve uma certa retração, porque ampliou os seus
direitos individuais, nós recebemos nos quartéis instruções para nos
adaptarmos, reavaliarmos os nossos procedimentos e houve, assim, um certo recuo
especificamente nesta atividade da identificação da revista pessoal, e a partir
do momento em que nós assumimos o comando do CPC e começamos neste novo
trabalho, determinei que esta identificação fosse feita e continuará sendo
feita a todos que forem suspeitos. Vejam bem, uma pessoa correndo na madrugada,
uma patrulha avista uma pessoa correndo na madrugada, acho que é um caso em que
a patrulha deve intervir, acho até no sentido de trazer segurança para a
pessoa, pode ser até que ela esteja precisando de alguma coisa, é possível.
Tudo é possível. Esse procedimento é natural, mas é um procedimento para todos.
A patrulha é no sentido de dar apoio ou no sentido de tomar uma
providência em outro caso, mas tanto para o negro quanto para o branco, para
qualquer pessoa. Esta é a nossa orientação. O móvel é a defesa da sociedade.
Existem casos que nos fogem ao controle, casos isolados, mas de pronto nós
tomamos as medidas, esclarecemos a opinião pública dos fatos quando errados. A
segunda parte da pergunta deixo para o Cel. Sílvio, que é de ordem
constitucional e ele acompanhou os trabalhos.
O SR. SÍLVIO FERREIRA: Bem, primeiramente me parece
fundamental, importantíssima, a questão levantada nesta segunda parte do nobre
Vereador. Eu começo dizendo o seguinte: entendo que a transformação
institucional do País não está encerrada, está em pleno andamento, tanto que a
própria Constituição prevê uma revisão em 1993, e onde a segurança pública, com
certeza, será um dos pontos mais debatidos. Parece-nos que neste processo de
transformação institucional está havendo um amadurecimento no que diz respeito
à nossa área de competência, aos nossos deveres profissionais, tanto que a
Constituição de 1988 já reserva à segurança pública um capítulo específico dentro
do ordenamento maior do País, trazendo inúmeros conceitos novos, dando guarida
constitucional à polícia judiciária e à polícia ostensiva, enfim, um
reconhecimento, através dos legisladores, de que essa questão segurança
pública, realmente, é uma questão primacial para uma sociedade que quer ser
organizada, bem estruturada.
Dentro deste enfoque a polícia surge, dentro da segurança pública,
efetivamente, como instituição de proteção do cidadão, de defesa do cidadão,
enfim, de proteção da boa convivência social da própria sociedade. Dentro desse
critério, no entendimento profissional de polícia, a polícia não tem caráter
ideológico, a polícia age tendo como parâmetro a lei e entendemos que todo fato
belicoso ou que possa vir a se transformar em fato belicoso é, antes de mais
nada, um fato de segurança pública, num primeiro momento, de defesa pública, de
defesa do cidadão, independentemente do caráter que motiva esse cidadão a agir.
Então, nos parece que a segurança pública, como enfoque, se posiciona num patamar
bem específico anterior, no qual a ameaça ou a agressão às leis vigentes na
sociedade, de cunho penal, de cunho determinador de um desarranjo da ordem
pública, são assuntos de interesse da polícia.
Então, nesse sentido, nós achamos que em 1993 inúmeros dos conceitos
hoje inscritos na Constituição Federal serão revisados, entre os quais a
própria dicotomia policial, que é uma questão que deve nos preocupar quanto à
eficácia da prestação do serviço pelo Estado, se é o melhor modelo, qual é o
melhor modelo. Acho que organizações capazes, e aqui no Rio Grande do Sul, pela
convivência que tenho com os colegas da Polícia Civil, tem sido demonstrada uma
preocupação muito intensa de se construir, o próprio plano de policiamento hoje
em vigor assim o diz, o Cel. Jair colocou reiteradas vezes a importância e a
necessidade de um trabalho integrado, de um trabalho em permanente comunicação
entre a polícia judiciária e a polícia ostensiva. Então, eu acredito que esse é
um conceito que será debatido e examinado com muita profundidade em 1993.
Da mesma forma, no que diz respeito ao texto que hoje nos coloca como
força auxiliar reserva do Exército, entendemos que esse é um enfoque de
execução de prioridades. Entendemos que se a polícia for eficaz no atendimento
da prioridade um, que é a preservação da ordem, que é afastar ou reprimir fatos
delituosos, ele estará alcançando essa eficácia, talvez até uma visão
idealista, ela estará automaticamente eliminando toda e qualquer possibilidade,
toda e qualquer situação que venha a dizer da necessidade de dispositivo deste
na ordem constitucional. Agora, entendemos que essa transformação das
Constituições, ela vem sendo aos poucos, ela não pode ser feita num rompante
porque as próprias instituições são frágeis como um todo, assim como a própria
sociedade que está tentando se organizar, as instituições têm os seus aspectos
frágeis, nós aqui estamos debatendo, hoje, inúmeros pontos nesse sentido.
Então, entendemos que esses conceitos serão, efetivamente, debatidos em 1993
num patamar no qual a profissão policial, ou seja, o profissional de polícia já
estará numa situação bastante mais favorável do que, digamos, esteve quando da
elaboração da Constituição de 1988, porque ali era exatamente a necessidade de
afirmar um campo profissional que não é novo para o nível de reconhecimento
institucional no ordenamento jurídico maior do País. Estará numa situação
bastante mais favorável para se debater aspectos desta ordem porque já
estaremos em cima de um texto constitucional que hoje dá plena guarida a esta
área da vida social denominada segurança pública. Então, achamos que este ponto
será debatido, nós estamos estudando com o amadurecimento devido de
profissionais de segurança pública, mas que compreendem que a sociedade é feita
de um sem número de organizações e que o equilíbrio entre as organizações
também é exigido, então há uma necessidade de continuidade dentro desta visão
sistêmica, de cada um fazendo a sua parte, no somatório fazendo o todo da
sociedade alcançando o bem comum. Então, digamos, não colocando uma posição
finalista, porque nem existe, mas achamos que serão, estes temas da segurança
pública e os conceitos hoje ali embutidos, serão absolutamente debatidos em
1993 e nós estamos, a corporação está preocupada e preparando-se para tal.
Obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Muito bem. Ver. Elói Guimarães.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, não cometeria
nenhuma generosidade se dissesse que a Brigada Militar é uma das instituições
de maior prestígio em nosso Estado pelo seu trabalho, pela sua persistência,
inclusive pelas informações que temos pelo seu processo de seleção e depuração
e com estas palavras gostaria de saudar os senhores oficiais, o Comandante do
CPC, Cel. Jair. Mas, objetivamente, dentro da estratégia de operação, os postos
policiais que segundo as informações já se possuiu mais no passado do que hoje,
num determinado momento foi desestimulado e a operação se dava pelas viaturas,
então gostaria de conhecer o ponto de vista do CPC porque, na semana passada,
na área de comando do Major Costa, no 11°, com o Cel. Maciel, estivemos na Zona
Norte e há um clamor da população no sentido de postos policiais. A comunidade,
hoje, em todos os quadrantes da nossa Cidade, se propõe até em construir postos
policiais, porque entende que a presença do policial destacado dá aquela
sensação de segurança. Então, seria uma das colocações a se desenvolver uma
campanha no sentido de se estabelecer os postos policiais.
A segunda questão é sobre os grandes eventos, e temos observado os
grandes eventos, exemplificativamente os grenais. Até que ponto este
desequilíbrio determina um desplanejamento no sistema quotidiano da operação,
embora eventos do interesse geral da população. Não seria de se pensar num
recurso, não diria uma taxa, mas uma forma de que esta população que não
participa do evento seja compensado? Seria uma maneira de se compensar aquelas
outras áreas. Embora os eventos tenham a sua significação, apenas citei o meeting esportivo, mas pode ser outro
tipo de atividade que num determinado momento criam claro a necessidade na
questão da segurança. E a terceira questão, para termos uma radiografia do que
não se fez na segurança, em especial a Brigada Militar, existe algum dado com
referência ao que se possuía há cinco, seis, dez anos atrás, a relação
brigadiano/habitante, se teria algum dado para se ter a dimensão da defasagem?
O SR. JAIR PORTELLA DOS SANTOS: Vamos ficar no exemplo de um
evento esportivo, eis que é uma atividade privada que é atendida pelo
policiamento da Brigada Militar e que traz implicações numa área de ação
daquela unidade, no caso, 1º Batalhão. Na área do 1º Batalhão ficam situados o
Grêmio e o Internacional. Realmente há implicações. Nós terminamos fazendo o
policiamento para os jogos de futebol, grandes apresentações, grandes cantores,
onde se faz o policiamento, no entanto é atividade privada, o contribuinte está
pagando, no entanto, a atividade privada está sendo beneficiada. Já tenho
informações de que há um Deputado fazendo um projeto no sentido de taxar estas
atividades.
Agora, por outro lado, para esclarecer ao Ver. Elói Guimarães que no
planejamento não há transtorno porque estes eventos são planejados. O plano que
aqui apresentei, em linhas rápidas, traz em seu bojo medidas administrativas,
um elenco delas, que se fôssemos abordá-las levaria muito tempo, medidas
administrativas de um lado e estratégicas de outro. Medidas administrativas
sendo tomadas, pelo Comando da Brigada Militar, Estado Maior, e medidas
essencialmente estratégicas sendo levadas pelo CPC, unidades subordinadas.
Entre estes, compondo o elenco de medidas administrativas nesta nova fase que
está tomando a corporação, existe a idéia, o estudo que estamos fazendo, além
de dar um policiamento para as escolas, para a companhia feminina, o emprego do
batalhão de choque nestes eventos, liberando a unidade da área para que ela
mantenha de forma mais acentuada o policiamento durante, antes e depois dos
grandes eventos. Também, vêm modificações nesta área. Eu penso ser justo que
para esses eventos pagassem alguma taxa, porque o contribuinte está pagando.
Quem sabe surge alguma iniciativa do Poder Legislativo neste sentido.
Sobre a questão do posto policial, éramos contrários à sua instalação,
porque a instalação tem prós e contras. Hoje, a corporação está mais receptiva
e até se for o caso designar a colocação de alguns. Esta é uma questão que tem
que ser bem estudada do ponto de vista técnico, porque poderemos criar um
determinado e até diminuir o índice de segurança naquela área. Vou dar um
exemplo: no Bom Fim já há um postinho e há uma reivindicação de levar para ali
um pelotão e é bem possível que se levarmos para lá um pelotão, e eu como
cidadão que já fui assaltado, quem sabe, eu seria o mais interessado em levar
esse pelotão para lá. No entanto, tenho minhas reservas, de repente se destaca
um pelotão para o Bom Fim e se coloca lá um efetivo de trinta homens. Isso
poderá ocasionar, também, se não for estudado bem do ponto de vista técnico,
diminuir as condições de segurança da área porque no remanejamento de efetivos
naquela área, hoje, se conta com um batalhão que não é distante dali, e se
fôssemos destacar para ali trinta homens e ali deixá-los encarregados da
segurança pública do local. É preciso estudar isso, porque a comunidade é
levada a pensar que se existe um posto agora estão com segurança. Em muitos
casos, até é possível, dada a distância do quartel, que é o caso da Companhia,
o 1º Batalhão, que foi destacado lá para a Restinga e os resultados são
altamente favoráveis. Agora, se esta Companhia fosse mais perto do quartel nós
teríamos que estudar. Feita esta colocação, quero adiantar que estamos abertos
ao debate, ao estudo e dependendo das condições podemos, até, implantar um
posto em sintonia com a comunidade.
Sr. Presidente, ficou para trás, aqui, uma colocação que queria fazer,
se não me engano em resposta ao Ver. Leão de Medeiros, em que falávamos no
resultado dessas operações e eu queria deixar ressaltado que já há um resultado
positivo. Eu falava em 25% das ocorrências, que teriam diminuído do mês de
abril para o mês de março, mas eu queria deixar ressaltado que parece que foi o
Ver. Dilamar Machado quem citou que o número de prisões tinha aumentado,
principalmente no Centro. Isto graças à ação integrada da Polícia Civil e da
Brigada Militar. A Polícia Civil também se agilizou nas suas delegacias e este
foi um entendimento que eu tive com o Delegado Diretor do DPM, que por parte da
Polícia Civil se agilizaram as delegacias para fazer frente ao número de
prisões em flagrantes. Graças a este entrosamento é que tivemos um relativo
sucesso na área central de Porto Alegre.
O SR. CYRO MARITNI: Inicialmente, gostaria de trazer
a minha saudação ao Presidente da Casa que, em boa hora, houve por bem e com
muito brilho, trazer a direção do Comando de Polícia da Grande Porto Alegre a
esta Casa. Eu gostaria de fazer algumas colocações e indagações. Sobre a
descentralização das atividades da Brigada Militar, eu sou francamente
favorável a ela, até porque nós lutamos, e conseguimos, levar uma companhia do
1º Batalhão para o antigo terminal do Partenon. Fora isto, também, com relação
ao 9º, aquele posto policial na entrada da Vila Pinto, na Vila Bom Jesus, outro
na Vila Mato Sampaio e outro na Vila Panorâmica, todos estes postos nos indicam
que é útil, é proveitoso para a comunidade este tipo de descentralização. É
evidente que tem o seu lado negativo na medida em que espalha demais o
contingente efetivo da organização. Mas eu entendo que o posto é de real
utilidade e até deveriam ter mais postos, principalmente no grande Partenon,
onde acho que cabem vários postos e também em outras vilas, como é o caso da
Vila Mapa e no Morro da Cruz, que tinham postos que foram depois assumidos pela
Polícia Civil.
Outro dado que não foi levantado e que deveria, por ser esta uma Casa
Legislativa, é o que diz respeito ao equipamento legal com o qual a polícia
desenvolve o seu trabalho. A polícia, em matéria de ação, em confronto com a
lei, ela sofreu uma retração, uma involução, na medida em que ela perdeu o
dever de exercer, independentemente, a ação do mandado de busca e apreensão.
Isto foi um retrocesso muito grande. Nesta Casa onde legislamos temos que ter,
evidentemente, muito consciente isto aí, que a lei não faculta à polícia as
melhores condições para o desenvolvimento de seu trabalho.
Outra questão que me parece muito importante repisar sobre ela é quanto
ao vencimento dos policiais, que é muito baixo, e com isso desestimula o
ingresso nas corporações, embora deva ser um pouco crítico, dizendo que o
Governo do Estado não tem tomado as medidas necessárias para a convocação de
homens para a corporação. Os recursos são escassos, e são as colocações e
indagações que faço.
O SR. JAIR PORTELLA DOS SANTOS: Alguns dos aspectos já foram
abordados, e com relação ao posto policial, concordo com o Vereador, é um
anseio da sociedade, mas reafirmo que cada caso é um caso, precisamos estudar
todas as variáveis, para que aquela comunidade não acabe recebendo um presente
de grego, é nosso interesse que a comunidade seja orientada e saiba o que
necessita, e nós faremos, se for um posto, será um posto, e será com muito
prazer que iremos providenciar.
O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Evidentemente que estou abusando
da tolerância, mas a oportunidade é ímpar para que esta Casa, a comunidade tome
conhecimento da nova realidade da Polícia Militar, e dentro desse prisma acho
que colaboro com a Casa, especialmente com o Ver. Adroaldo Correa, dizendo que
de longe não pode prosperar a dúvida que V. Exª tem, de que seja quase uma
orientação da Polícia Militar, e serviria para a Civil, qualquer impregnação de
coloração de delinqüente, tendo em vista a sua pigmentação. Só lembraria, com
muita honra, muita glória, que grandes nomes da Polícia Civil e Brigada Militar
foram delegados e oficiais de cor negra; e também com a ajuda, como colaboração
à própria Brigada, lembraria que numa auscultação que fiz no âmbito da própria
Câmara de Vereadores, consultando 33% dos nossos Vereadores, um terço deles já
foi assaltado. Isto não é oficial, mas reflete a nossa realidade na atual
Legislatura, Sr. Presidente.
Mas a oportunidade, como disse, é ímpar. Mas eu indagaria, se dentro
desta nova mentalidade, desta nova orientação que está sendo traçada pelo
comando do CPC, se há alguma orientação nova quanto a alguns fatos concretos que
realmente criam problemas para a vida harmônica dos cidadãos. Concretamente, a
ação dos guardadores de veículos, denominados guardadores de veículos
irregulares, a maioria deles exercendo esta atividade acintosamente, agredindo
a população que é possuidora de veículos. O crescimento, no meu sentir, da
entrada dentro da área central urbana de veículos de tração animal, está
chamando a atenção, atrapalhando o trânsito de forma indiscriminada. Pergunto
se também está dentro do planejamento do CPC uma maior fiscalização nisto:
guardadores de carros e dos veículos de tração animal. E a outra chaga da nossa
sociedade do mundo contemporâneo, que é a proliferação de gangues juvenis com
atuação localizada, como Bairro Bom Fim, fim da linha da Auxiliadora, Av. Goethe,
Bairro Rio Branco, temos conhecimento de que a DIPAME, Divisão para o Menor,
registra, nos últimos três anos, quinze homicídios de menores ocorridos por
delinqüentes juvenis. E uma quarta indagação, se a Polícia Militar está
preparada para um crime mais violento que está atingindo as populações do Rio e
São Paulo e de enorme repercussão, que é o crime de seqüestro. Se a nossa
comunidade poderá estar segura de que haverá uma ação de policiamento de
resgate para este tipo de crime que, felizmente, ainda não é quotidiano na
nossa convivência. Basicamente era isso.
O SR. JAIR PORTELLA DOS SANTOS: Vou ser bem breve nas respostas.
As gangues nós já falamos que em função da nossa atividade, da intensificação
da nossa atividade, dos levantamentos que temos em termos de segurança pública
e mais a ação conjunta com a Polícia Civil, isto vai arrefecer a desenvoltura e
a atuação das gangues em Porto Alegre.
Com relação aos guardadores de carro, nós estamos aguardando orientação,
há um projeto já aprovado e promulgado, nós estamos aguardando orientação, eu
soube disso através do jornal e estamos aguardando, então, orientação para
repassarmos as nossas unidades operacionais. Com relação a seqüestros, queria
informar que nós temos um grupo, o nosso Batalhão de Choque, que é preparado
para operações especiais e temos um grupo, oriundo do 9º Batalhão nesta
reformulação que fizemos. Este grupo que tem preparo para atividade
anti-seqüestro estará, ou melhor, está passando para o comando do Batalhão de
Choque. Então, podemos dizer que a Brigada Militar e o CPC tem condições de
enfrentar este problema.
O SR. PRESIDENTE: Temos alguns convidados que
representam a comunidade, como o representante da Grande Cruzeiro e o Dr.
Centeno. Se quiserem fazer alguma pergunta, colocamos a palavra à disposição.
O SR. NELSON DELVAUX: Represento, aqui, o Presidente
da Vila dos Comerciários. Estamos preocupados com a segurança, inclusive
fizemos a visita ao Major e eu tenho visto e participado de muitas reuniões e
tenho verificado que um dos problemas que a direção da Brigada Militar
apresenta é que o seu soldado não tem o rendimento à altura para as suas
necessidades.
Em princípio eu concordo, mas pergunto aos senhores: quanto tempo
levaria para dar um treinamento a um soldado.
O SR. JAIR PORTELLA DOS SANTOS: Seria de seis meses.
O SR. NELSON DELVAUX: Então, nós estamos com
deficiência de 1700 soldados. Eu perguntaria se não haveria uma modalidade de
os senhores dar um treinamento mais rápido para suprir as deficiências desses
soldados dentro da corporação da Brigada, porque, no meu entendimento, a
Brigada não teria dificuldade em dar um treinamento mais rápido dentro da
corporação, porque acho que é fundamental a Brigada dar um treinamento
excelente a esses soldados, eles irem para uma empresa privada, prestarem
serviços. É um trabalho excelente da Brigada e se os senhores teriam condições
de em menos de seis meses, inclusive dentro da programação, ter uma previsão
desses soldados de não darem continuidade dentro da corporação, de haver um esquema
de substituir os soldados através de um treinamento mais rápido.
O SR. JAIR PORTELLA DOS SANTOS: Primeiro, quero fazer a seguinte
colocação em cima do que o senhor disse: a preocupação da comunidade é sempre
no sentido quantitativo. Ela precisa ver um número “x” de policiais para se
sentir em segurança. Mas o que nós pretendemos é o aperfeiçoamento do sistema
de segurança. O sistema é que, efetivamente, dá uma segurança maior ao cidadão.
Nem sempre pela presença física do soldado é que, única e exclusivamente, se dá
a sensação de segurança. Nós jogamos o aperfeiçoamento do sistema, é este que
vai melhorar os níveis de segurança. Evidente que se pudermos aperfeiçoar os
sistemas e aumentarmos os nossos efetivos é o ideal, mas eu lhe garanto que com
o aperfeiçoamento do sistema vamos melhorar, grandemente, a segurança não só do
Centro, mas também do seu bairro, especificamente. Quanto à redução, eu diria o
seguinte: seis meses é um tempo mínimo. Veja bem que vamos colocar um revólver,
munição para alguém que tem um tempo que já é mínimo para que ele saia para a
rua para fazer a sua função, cuidar da vida do cidadão, sendo este tempo de
preparo não tão bem consolidado. Isto é uma responsabilidade muito grande, um
sujeito, um cidadão despreparado com um revólver na cintura, fazendo frente à
criminalidade. Então, isto também é uma questão técnica, e o ideal seria que
fosse um tempo muito maior. Se não me engano, nos Estados Unidos é de dois anos
o tempo de preparação. O Cel. Sílvio está me dizendo que na Alemanha é de três
anos, pois esteve recentemente lá. Para a formação de um policial, nós estamos
fazendo em seis meses. Em absoluto, não poderíamos reduzir, até pelo contrário,
aumentar.
O SR. GABRIEL CENTENO: O Governador Guazzelli, quando
assumiu, deu uma ênfase ao aspecto segurança pública, e citou que gostaria de
uma polícia localizada. O fato de a polícia dar uma atenção ao Centro não
estaria esvaziando os bairros em função do pequeno contingente de policiais?
Isto não estaria fazendo com que os larápios estejam atuando nos bairros?
O SR. JAIR PORTELLA DOS SANTOS: A primeira colocação feita, se
não estaríamos esvaziando em termos de policiais os bairros? Não! Não está
sendo feito isto. Nós estamos remanejados com os nossos pelotões de choque, nós
não tocamos no policiamento mínimo que as unidades colocam no terreno em toda a
área de Porto Alegre. Não foi tirado o policial da área conforme a sua
pergunta. A segunda parte, de que os marginais, de que os assaltantes tenham
espirrado, fugido para os bairros, isto é bem provável, nós já temos informação
que isto está acontecendo, eles estão atuando mais para a periferia. Mas eu
quero dizer e afirmar, já disse e afirmo novamente: nós vamos atrás deles, onde
eles forem atuar nós estaremos atuando, também, então nós chegaremos também na
Vila Nova.
O SR. GABRIEL CENTENO: O que o senhor entende por
polícia localizada?
O SR. JAIR PORTELLA DOS SANTOS: O Governador, quando ouviu essa
explanação que também foi feita para ele no Palácio Piratini, ele deu muita
ênfase e deu muita atenção quando falamos exatamente o que se tratou, aqui, que
foi o princípio da responsabilidade territorial, é aquele integrante da
corporação com poder de decisão e que estará no seu caso na Vila Nova, o
senhor, a sua comunidade, as pessoas que lá moram e trabalham tem que
identificar essa pessoa, provavelmente um sargento, um tenente ou mesmo um
capitão daquela área, o qual resolverá, o qual atenderá os problemas de forma
imediata, no local. É isto que significa mais ou menos esta responsabilidade
territorial e a polícia localizada.
O SR. PRESIDENTE: Assim, então, estamos chegando
ao final da nossa reunião, do período de Comunicações. A Sessão iniciou às 14h.
Nós, em nome dos trinta e três Vereadores, queremos agradecer a presença do
Tenente-Coronel PM Jair Portella dos Santos, Comandante do Comando da Polícia
da Brigada Militar, dos demais comandantes dos Batalhões da Polícia Militar,
pela presença, pela orientação, pela aula que nós recebemos, e nós, como alunos
e como representantes desta Cidade, estamos ao inteiro dispor para nos somarmos
a esta luta para tentar diminuir a criminalidade, somar em todos os pontos, sem
nenhuma sigla partidária na testa, e sim, a sigla da Cidade de Porto Alegre e
também do nosso Estado. Por isso, Comandante, os nossos cumprimentos, êxito e conte
conosco. Pela primeira vez os estamos recebendo e, na verdade, V. Sª que se
colocou à disposição dos Srs. Vereadores para que viesse à Casa. A iniciativa
não foi do Presidente da Casa em ter a idéia de convidar o Comando da Brigada
Militar que se fizesse presente, aqui na Casa, para que pudessem nos orientar.
Na verdade foi o Tenente-Coronel Jair se colocando à disposição e aí chegamos à
conclusão de que o ideal era que esta reunião acontecesse no Plenário, com a
presença de todos os Vereadores e das partes interessada que representam a
comunidade através das suas associações.
O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, não gostaria que
V. Exª encerrasse a Sessão sem que em nome da minha Bancada eu louvasse a
iniciativa de V. Exª e a presença dos dignos representantes da Brigada Militar
que vieram, aqui, juntamente com os Vereadores, debater este problema que na
minha opinião é da mais alta magnitude, não só de Porto Alegre, como de todo o
Rio Grande do Sul. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Na verdade, em todos os
congressos, encontros que nós participamos, no passado se falava muito em
educação, saúde, habitação e hoje, de uns tempos para cá, o que se fala, em
primeiro lugar, é de segurança onde nós vamos. Por isso é a prioridade e esta
iniciativa do Comando é importante para todos nós da Cidade.
O SR. JAIR PORTELLA DOS SANTOS: Eu quero agradecer
por esta oportunidade ímpar de estarmos aqui com o Poder Legislativo e com a
sociedade de Porto Alegre para debatermos esse problema de tamanha importância.
Nós continuamos à disposição e sempre que esta Casa desejar nós estaremos à
disposição para continuarmos esse assunto que deve ser uma preocupação
permanente de todos nós.
Quero trazer a saudação do
Comandante-Geral da nossa Brigada Militar, Comandante Carlos Walter Stockmann,
a minha saudação, como Comandante do CPC, a saudação dos Comandantes de
unidades que aqui estão presentes e dizer que nos sentimos muito honrados pela
oportunidade que nos concederam os representantes desta Casa, especialmente na
pessoa do distinto Presidente Ver. Valdir Fraga e das autoridades aqui
presentes. A todos o meu muito obrigado e tenham a certeza que do coronel ao
soldado da Brigada Militar, em cada alma e em cada coração, vibra um anseio de
segurança para toda família gaúcha. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
levanto os trabalhos, convidando os Srs. Vereadores para a Sessão Solene a ser
realizada às 17h.
(Levanta-se a Sessão às 16h49min.)
* * * * *